O Impacto das Frustrações Não Expressas no Corpo: Como as Emoções Reprimidas Podem se Manifestar Fisicamente
As frustrações que guardamos para nós mesmos e que não expressamos de forma saudável podem ter um impacto muito maior do que imaginamos. Na visão psicanalítica, as emoções reprimidas não desaparecem; elas encontram outras maneiras de se manifestar, muitas vezes através do corpo. Quando negamos ou ignoramos nossos sentimentos, estamos apenas adiando o confronto com eles, e essa repressão pode resultar em sintomas físicos, como dores, tensões ou até doenças.
Sigmund Freud, o fundador da psicanálise, observou que aquilo que não conseguimos lidar no campo das emoções e dos pensamentos acaba se expressando de outras maneiras. Ele sugeriu que o corpo e a mente estão profundamente conectados, e que, quando guardamos nossas frustrações ou emoções, elas precisam encontrar uma "saída". Se não é através da fala ou da ação, elas podem aparecer no corpo (Freud, 1920).
Vamos imaginar alguém que vive constantemente insatisfeito com o trabalho ou com os relacionamentos, mas que nunca fala sobre essas frustrações. Essa pessoa pode começar a sentir dores de cabeça, problemas de estômago, ou tensão muscular. O corpo, então, se torna o canal onde essas emoções se "materializam". Freud acreditava que essa era uma forma inconsciente de liberar a energia emocional acumulada. É como se o corpo dissesse aquilo que a mente não consegue.
Isso ocorre porque as emoções, mesmo quando ignoradas, continuam agindo dentro de nós (Freud, 1917). Quando não damos espaço para que nossos sentimentos sejam reconhecidos e processados, eles não desaparecem. Ao contrário, essa energia emocional reprimida pode ser "desviada" para o corpo, causando sintomas físicos. Freud via esse processo como uma forma do corpo aliviar a pressão emocional acumulada.
Outra forma de olhar para isso é pensar que as emoções reprimidas acabam se transformando em tensões. Se estamos constantemente engolindo nossos sentimentos — seja por medo de incomodar os outros, seja por não saber como expressá-los — o corpo começa a reagir com o tempo. A pessoa pode começar a ter crises de ansiedade, sentir falta de ar, ou mesmo desenvolver um quadro crônico de estresse.
É importante destacar que essas manifestações físicas não são "inventadas" ou "imaginárias". Elas são reais, e o corpo está de fato respondendo às emoções que não foram resolvidas. Freud também falava sobre como essas tensões podem ser uma forma inconsciente de "resolver" um conflito emocional: ao transferir para o corpo, a mente "alivia" o peso emocional, mas o problema não desaparece, apenas se transforma.
Lidar com essas frustrações e emoções reprimidas não significa ignorar o corpo, mas sim voltar-se para dentro e entender o que elas representam. Ao reconhecer nossos sentimentos e encontrar maneiras saudáveis de expressá-los — seja através da fala, da terapia ou mesmo de práticas como a meditação — podemos liberar essas tensões antes que elas se transformem em problemas físicos.
Referências
Freud, S. (1917). Mourning and Melancholia. The Standard Edition of the Complete Psychological Works of Sigmund Freud.
Freud, S. (1920). Beyond the Pleasure Principle. The Standard Edition of the Complete Psychological Works of Sigmund Freud.
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