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Foto do escritorDaniel Borelli

Como as emoções reprimidas podem se manifestar fisicamente




O Impacto das Frustrações Não Expressas no Corpo: Como as Emoções Reprimidas Podem se Manifestar Fisicamente


As frustrações que guardamos para nós mesmos e que não expressamos de forma saudável podem ter um impacto muito maior do que imaginamos. Na visão psicanalítica, as emoções reprimidas não desaparecem; elas encontram outras maneiras de se manifestar, muitas vezes através do corpo. Quando negamos ou ignoramos nossos sentimentos, estamos apenas adiando o confronto com eles, e essa repressão pode resultar em sintomas físicos, como dores, tensões ou até doenças.

Sigmund Freud, o fundador da psicanálise, observou que aquilo que não conseguimos lidar no campo das emoções e dos pensamentos acaba se expressando de outras maneiras. Ele sugeriu que o corpo e a mente estão profundamente conectados, e que, quando guardamos nossas frustrações ou emoções, elas precisam encontrar uma "saída". Se não é através da fala ou da ação, elas podem aparecer no corpo (Freud, 1920).

Vamos imaginar alguém que vive constantemente insatisfeito com o trabalho ou com os relacionamentos, mas que nunca fala sobre essas frustrações. Essa pessoa pode começar a sentir dores de cabeça, problemas de estômago, ou tensão muscular. O corpo, então, se torna o canal onde essas emoções se "materializam". Freud acreditava que essa era uma forma inconsciente de liberar a energia emocional acumulada. É como se o corpo dissesse aquilo que a mente não consegue.

Isso ocorre porque as emoções, mesmo quando ignoradas, continuam agindo dentro de nós (Freud, 1917). Quando não damos espaço para que nossos sentimentos sejam reconhecidos e processados, eles não desaparecem. Ao contrário, essa energia emocional reprimida pode ser "desviada" para o corpo, causando sintomas físicos. Freud via esse processo como uma forma do corpo aliviar a pressão emocional acumulada.

Outra forma de olhar para isso é pensar que as emoções reprimidas acabam se transformando em tensões. Se estamos constantemente engolindo nossos sentimentos — seja por medo de incomodar os outros, seja por não saber como expressá-los — o corpo começa a reagir com o tempo. A pessoa pode começar a ter crises de ansiedade, sentir falta de ar, ou mesmo desenvolver um quadro crônico de estresse.

É importante destacar que essas manifestações físicas não são "inventadas" ou "imaginárias". Elas são reais, e o corpo está de fato respondendo às emoções que não foram resolvidas. Freud também falava sobre como essas tensões podem ser uma forma inconsciente de "resolver" um conflito emocional: ao transferir para o corpo, a mente "alivia" o peso emocional, mas o problema não desaparece, apenas se transforma.

Lidar com essas frustrações e emoções reprimidas não significa ignorar o corpo, mas sim voltar-se para dentro e entender o que elas representam. Ao reconhecer nossos sentimentos e encontrar maneiras saudáveis de expressá-los — seja através da fala, da terapia ou mesmo de práticas como a meditação — podemos liberar essas tensões antes que elas se transformem em problemas físicos.

Referências

  • Freud, S. (1917). Mourning and Melancholia. The Standard Edition of the Complete Psychological Works of Sigmund Freud.

  • Freud, S. (1920). Beyond the Pleasure Principle. The Standard Edition of the Complete Psychological Works of Sigmund Freud.

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